ChatGPT: O que é esta inteligência artificial e como ela pode afetar o personal statement

É muito provável que você já tenha ouvido falar sobre o “ChatGPT” ou até mesmo interagido com esta tecnologia. A nova ferramenta tem chamado atenção mundialmente pelo seu nível avançado de compreensão de perguntas, alta capacidade em respondê-las e até mesmo na elaboração de textos quase sem erros.

O ChatGPT assemelha-se a um “robô de conversa”, no qual o usuário escreve uma pergunta, e o robô responde. Porém, o que diferencia o ChatGPT de ferramentas convencionais (como aqueles chats de atendimento ao cliente virtual ou até mesmo sites de buscas como o Google) é a surpreendente habilidade de dialogar com o usuário e de escrever redações naturais e coerentes. 

Esse “robô virtual” reflete o impressionante potencial da inteligência artificial, sinalizando grandes avanços tecnológicos já disponíveis. Com essa novidade em pauta é importante refletirmos sobre o que isso pode significar no âmbito acadêmico. Afinal, se você é estudante, já deve ter se perguntado se esse novo sistema seria capaz de fazer sua lição de casa.

Nesse contexto, como será que uma ferramenta capaz de escrever redações poderá afetar o processo de candidaturas para universidades no exterior? Abaixo, pontuamos algumas das considerações principais a serem feitas.

ChatGPT e o Personal Statement (Carta de motivação)

Não é nenhum segredo que o ChatGPT é capaz de escrever uma boa redação, seguindo os parâmetros definidos pelo usuário. Um dos pontos mais fortes desta ferramenta, aliás, é a habilidade de simular diálogos como se fosse uma pessoa. Porém, a tecnologia possui limitações e não substitui, ainda, a mente humana. 

Quando se trata do Personal Statement (redação pessoal exigida pelas universidades no exterior), esse componente apresenta um conteúdo possivelmente bem mais complexo e sofisticado do que outras redações escolares. Há toda uma narrativa estilística de perfil e projeto acadêmico – e um histórico de atividades – a serem destacados estrategicamente.

Limitações do ChatGPT

Para explicar melhor as carências do ChatGPT, a Alma Mater solicitou que o próprio chatbot “confessasse” seus pontos fracos. Seguem, abaixo, as respostas obtidas:

“Existem várias deficiências da Inteligência Artificial (IA), principalmente na escrita criativa ou pessoal, incluindo:

  1. Falta de originalidade: os sistemas baseados em IA não têm a capacidade de criar algo completamente novo e original. Eles geram escrita com base em padrões, repetições e estruturas nas quais foram treinados.
  2. Falta de compreensão do contexto: os sistemas alimentados pela IA podem ter dificuldades para entender nuances e sutilezas de linguagem, bem como o contexto cultural, social e histórico do processo de redação.
  3. Falta de inteligência emocional: os sistemas alimentados por IA têm mais dificuldade para entender e responder às emoções humanas, dificultando a criação de uma escrita que ressoe com os leitores em um nível pessoal.
  4. Falta de inspiração e criatividade: o IA não é capaz de se sentir inspirado, motivado ou influenciado por experiências ou emoções pessoais, o que é fundamental na escrita criativa.
  5. Falta de diversidade: os sistemas de IA podem perpetuar os vieses existentes se forem treinados com dados tendenciosos, o que pode levar à falta de diversidade nas perspectivas ou estilos de escrita.

A tecnologia AI está em constante evolução e aprimoramento, mas, por enquanto, ainda apresenta limitações quando se trata da escrita criativa e pessoal.”

Inteligência Artificial vs. Inteligência Humana

Como podemos observar acima, o chatbot foi capaz de pontuar 6 habilidades importantes para a escrita criativa e pessoal que a Inteligência Artificial atualmente não possui: originalidade, compreensão, inteligência emocional, inspiração, criatividade e diversidade. 

Por acaso, estes também são seis dos elementos essenciais na escrita de um bom Personal Statement e Supplemental Essay universitário. 

Uma característica chave do Personal Statement está em seu próprio nome, que na tradução literal para o português significa “depoimento pessoal”. Nesse texto, as universidades buscam conhecer os candidatos mais a fundo e entender como suas experiências individuais os fizeram crescer e amadurecer. Essas informações vão muito além do que o ChatGPT é capaz de “saber.” Sua experiência de vida e suas perspectivas estão fora do alcance do ChatGPT, pois ele não tem acesso à sua memória (pelo menos por enquanto!). Afinal, a inteligência do sistema é “artificial.”

De qualquer forma, a tecnologia é altamente sofisticada e está em rápida evolução. Sabemos que é possível “alimentar” o chat com mais informações, para que ele reescreva textos, fazendo alterações e adicionando detalhes específicos. Tendo isso em mente, a capacidade de escrita desse robô pode continuar a superar expectativas… 

Mas não tão depressa! Da mesma forma que o ChatGPT está evoluindo, já começaram a surgir outros sistemas baseados em IA desenvolvidos para detectar – e, se necessário, repreender – textos elaborados pelo ChatGPT!

GPTZero: A Inteligência Artificial Contra Ela Mesma

Um estudante da Princeton University, Edward Tian, já desenvolveu um app chamado GPTZero, capaz de identificar a probabilidade de um texto ter sido escrito pelo ChatGPT. O aluno de 22 anos, que estuda ciência da computação na prestigiosa Ivy League, anunciou nas suas redes sociais:

“Passei o Ano Novo criando o GPTZero, um aplicativo que consegue detectar de forma rápida e eficiente se uma redação é do ChatGPT ou se foi escrita por humanos. Nos próximos meses, estarei totalmente focado na construção do GPTZero, melhorando os recursos do modelo e dimensionando totalmente o aplicativo.”

Ou seja, a Inteligência Artificial pode ser, e provavelmente será, usada contra si mesma. Aplicativos como o GPTZero demonstram que da mesma forma que a tecnologia pode ser usada para trapacear, ou cortar caminhos, ela também pode ser utilizada para identificar essas manobras. É provável que, em um futuro próximo, os comitês de admissão às universidades comecem a utilizar sistemas como o GPTZero para detectar se cada redação foi escrita integralmente pelo candidato, ou se foi ‘renderizada’ pelo ChatGPT.

Diante disso, concluímos que existe aqui, também, sempre “dois lados da moeda” quando se trata da utilização de novas tecnologias. Elas não são necessariamente “boas” ou “ruins.” Tudo depende da maneira como são usadas. Em alguns casos, a IA pode apresentar ameaças, mas em outros, pode trazer soluções. O que é certo é que essas tecnologias vieram para ficar, são inevitáveis e devem ser aproveitadas como avanços construtivos e produtivos para o aprendizado.

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A equipe Alma Mater busca sempre estar à frente das tendências relacionadas ao mundo universitário. Trabalhamos de forma abrangente, adaptativa e flexível. Nas próximas edições, traremos mais informações sobre esse assunto, de como a inteligência artificial poderá influenciar a vida acadêmica – tanto no processo de candidaturas, como também nas escolhas de cursos, matérias e atividades estudantis. Fiquem ligados!

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